O discípulo sincero do Evangelho vive em silenciosa batalha no campo do
coração.
A princípio, desenrola-se o combate em clima sereno, ao doce calor do lar
tranqüilo. As árvores das afeições domésticas amenizam as experiências mais fortes.
Esperanças de todos os matizes povoam a alma, nem sempre atenta à realidade.
Falam os ideais em voz alta, relativamente às vitórias porvindouras.
O lutador domina os elementos materiais e, não poucas vezes, supõe consumado
o triunfo verdadeiro.
O trabalho, entretanto, continua.
A vitória do espírito exige esforço integral do combatente. E, mais tarde, o lidador
cristão é convidado a testemunhos mais ásperos, compelido à batalha solitária, sem o
recurso de outros tempos. A lei de renovação modifica-lhe os roteiros, subtrai-lhe as
ilusões, seleciona-lhe os ideais. A morte devasta-lhe o circulo íntimo, submete-o ao
insulamento, impele-o à meditação. O tempo impõe retiradas, mudanças e retificações...
Muitos se desanimam na grande empreitada e voltam, medrosos, às sombras
inferiores.
Os que perseverarem, todavia, experimentarão a resistência até ao sangue. Não se
trata aqui, porém, do sangue das carnificinas e sim dos laços cosanguíneos que não
somente unem o espírito ao vaso corpóreo, como também o enlaçam aos companheiros
de séquito familiar. Quando o aprendiz receber a dor em si próprio, compreendendo-lhe a
santificante finalidade, e exercer a justiça ou aceitá-la, acima de toda a preocupação dos
elos cosanguíneos, estará atingindo a sublime posição de triunfo no combate contra o
mal.
Chico Xavier - Emmanuel
Livro - Vinha de Luz